segunda-feira, 23 de julho de 2007

Esquerda ou direita? Pra que lado eu vou?

Sempre me questionei sobre o fanatismo de algumas pessoas, religiões, culturas e ideologias políticas. Pesquisando um pouco sobre o Oriente Médio e as facções terroristas que lá se formaram queria buscar uma compreensão de suas crenças a fim de não ser uma mera reprodutora de um discurso ocidental que simplesmente condena sem perceber sua parcela de culpa no cenário de violência atual.

Estampado nos jornais, atentados terroristas ocupam diariamente as manchetes de noticiários mundiais. Mas no último mês, a crise na Palestina ganhou destaque com a ocupação pelo Hamas da Faixa de Gaza.
A guerra antiga entra Fatah e Hamas recebeu novo combustível sobretudo em 2006 com a vitória no Parlamento do partido Hamas contra o Fatah, do atual presidente Mahmoud Abbas.
O partido político Al-Fatah foi fundado pelo ex-presidente Yasser Arafat em uma década de fortalecimento de regimes ditatoriais em todo mundo. Em 64 surgiu a organização que se tornaria a “SS” da OLP (Organização para a Libertação da Palestina) na luta armada para expulsar Israel dos territórios ocupados durante a Guerra de 1949.
O Hamas por sua vez, surgiu de um movimento guerrilheiro de 1987 que também preconizava a “resistência islâmica” à criação do Estado de Israel. Grupo conhecido por suas ações terroristas, ele foi alvo de boicotes internacionais que o fizeram buscar ajuda de países “esquerdistas”, como a Venezuela, além do apoio do Irã e da Síria.
Ao “reconhecer” o Estado de Israel, o Fatah foi uma das organizações que mais recebeu ajuda internacional até hoje, sobretudo dos Estados Unidos, no entanto, como já era de se esperar, a corrupção desenfreada fez com que a fortuna fosse toda para os bolsos, “cuecas” e armários secretos dos líderes do partido, deixado a Palestina com um dos maiores índices de pobreza e desemprego.
Diante desse quadro comecei a questionar algo que já martelava em minha mente no começo da faculdade, mas a que nunca tinha dedicado muita atenção achando se tratar de sentimentos pseudo-militantes de aspirantes a jornalistas; comecei a pensar nessa “bobajada” de “esquerda” e “direita” que algumas pessoas insistem
em acreditar. Como falar em diferenças entre ditadura e regimes comunistas, quado o comunismo suprimiu todos os partidos implantando um único; quando seus líderes acumularam riquezas e o povo permaneceu na pobreza; quando a Rússia, marco do comunismo e uma potência na época da Guerra Fria, fabricava armas de alta tecnologia, mas não tinha know how para fabricar liquidificadores. A resposta pode ser dada por um leigo. Trata-se da disputa pelo poder, onde as ideologias são meros instrumentos para alcançá-lo, onde fazer parte da oposição é uma estratégia na busca de um lugar ao sol. Mas que oposição é essa que sempre se torna a situação? Que esquerda/direita é essa que no Brasil é eleita e faz do troca-troca de partidos políticos uma discussão para se exigir a fidelidade partidária? A verdade é que partidos, esquerda e direita não existem. Tudo é muito belo na teoria, mas não passam de ideologias. “Ideologia” essa explicitada pelo também esquerdista Karl Marx que afirmava que ideologias eram falsas consciências capazes de mascarar a realidade.
O que diferencia então o Hamas do Fatah? A diferença está em quem ocupa o poder e os meios utilizados para tal.
O apoio do ocidente ao Fatah nos faz pensar que o grupo nunca apregou o extermínio de judeus, a extinção de Israel e tampouco praticou atos terroristas. No entanto foi com a chegada ao poder do Fatah que se iniciou na Palestina um processo de “islamização” no continente. Centenas de mesquitas foram construidas com dinheiro público e contratados “imáns” da ANP para espalharem o islamismo, e o consequente ódio a cristãos e judeus. O tiro saiu pela culátra e ironicamente, essa política de levar a jihad islâmica a frente, como também a corrupção do governo acabaram por fortalecer politicamente o Hamas culminando com sua vitória em 2006.
O Hamas por outro lado, apresentava ações de ajuda comunitária e contava com uma imagem mais “honesta” diante dos olhos do povo palestino. Situação semelhante é vivenciada em nossas favelas, com o poder paralelo do tráfico trazendo “benefícios” à comunidade “esquecida” pelo “fatah brasileiro” – o governo.

- O lado do poder!

Essa história de violência e corrupção se repete em centenas de países, sobretudo os mais pobres e em desenvolvimento. Tenho uma vivência pessoal na família. Meus pais foram expulsos de seu país por uma guerra civil que opunha “comunismo/capitalismo”, negros e brancos; quando na verdade, a disputa em Angola era pelo poder, pela disputa de quem tinha o direito ao ouro, aos diamantes e ao petróleo. E o comunismo por lá? Perdeu-se.
Quanto à solução para o Oriente Médio? Não vejo um final feliz. As guerras entre palestinos e judeus já dura décadas. As duas nações fazem um jogo de força e não abrem mão de suas decisões do que é mais “certo”, sem negociações e com muitos acordos quebrados. Ao que tudo indica, a criação do Estado da Palestina resolveria a situação. Para isso, a comunidade internacional faz três exigências a ANP. São elas: o reconhecimento de Israel, o fim do terrorismo e a aceitação de acordos prévios feitos com a OLP. Mas será que a criação de um Estado da Palestina terminaria com as tensões entre os palestinos e israelenses? Improvável. Continuaria o acirramento de ânimos agora pela extensão do território. Permaneceria a briga pelo poder . . . a briga pelo “ter mais” que não diz respeito apenas ao lado oriental. É um problema mundial. Resta a você decidir “Pra que lado eu vou”?

2 comentários:

Anônimo disse...

Acabei de conhecer seu blog, Luana. Acho que deve dar continuidade à sua iniciativa!
Sobre seu post, também vejo pouca devoção ideológica entre os políticos de "esquerda" e de "direita". Essas orientações políticas estão cada vez mais vazias de significado. Não se vê nos ditos engajados um prazer de se pertencer àquele grupo do qual faz parte, mas, antes disso, um enorme gozo por fazer parte de algum grupo, de ter uma base, de ter um quórum. É o gosto pela "panelinha", o orgulho quase que pueril de ter sua turma e fazer-se presente, impor-se pelo peso, pela força, pela maioria. O poder, como vc disse.
Falo disso e me lembro das nojentas cenas que vemos repetidamente na TV, de nosso presidente do senado, Renan Calheiros, desfilando, de peito estufado e ar arrogante pelos corredores do palácio do planalto, sempre ridiculamente seguido por uma trupe fiel de seguranças, assessores, secretários, assistentes... todos com cara e postura de capangas. Essa panela que o mantém por lá, defendendo as idéias, plataformas, ideologias do... qual é mesmo seu partido? Bem, não faz mesmo muita diferença, rs
Bjs!!!!

Anônimo disse...
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